sábado, 3 de abril de 2010

Meu caro amigo,

esta carta que hoje lhe envio é pelo mesmo motivo da última, a mulher amada.
Você se lembra de todos os problemas que estava passando, lembra-te de tudo que lhe contei. Pois é venho atualizar-lhe de tudo que aconteceu.

Lembra quando eu a descrevi? Menina- moça ligeiramente mais alta do que eu, de louras madeixas, sorriso encantador, olhar com brilho de pérolas, lábios suaves, pele aveludada. Pois é lindo não, perfeito não é mesmo? Quisera eu que continuasse assim.

Quisera eu continuar ao teu lado contemplando teu ar, teu movimento, teu canto. Iria até seu reino lhe ver pra te enxergar sorrindo e cantando.

Não quero escrever lapidada poesia, queria apenas deixar a onda levar nosso esboço de idéia sem fim, definir com ela o traçado de nosso sentido.

Infelizmente essa história foi curtíssima escrita com poucos capítulos e um fim nem tão emocionante quanto se imaginava. De repente toda mágica se acaba, sem ela fica faltando graça e sobra espaço no coração, que inda vem me perguntar o que aconteceu.

Pois então meu caro amigo encerro esta nova carta onde falo de das conquistas e das perdas. De coisas boas e ruins.

Talvez não esta não tenha muito nexo em meu reporte, tamanha insensatez que ainda conturba e distorce meu olhar.


Me despeço então e mando meus agradecimentos por essa paciência.

Abraços deste que de forma turva lhe escrever.

sábado, 2 de janeiro de 2010

É noite de inverno, uma leve nevoa paira sobre a rodovia. A viagem já atravessou as dezenas de horas e os milhares de quilômetros. Ela dorme ao meu lado, eu sei a viagem é cansativa, mas, acredito que chegou ao seu ápice. Estamos rumo ao sul, tanque pela metade, o vento que entra pela janela e balança meus cabelos, é o mesmo que ruidosamente se mistura ao som do rádio. O frio da serra gela a espinha causando um leve arrepiar. Ela dorme intensamente, por isso acabo por fechar o vidro.

A descida da serra se inicia e o piso é de paralelepípedos, são aproximadamente cinco quilômetros de curvas. O ressoar harmonioso do encontro dos pneus com os bloquetes de granito permeia o habitáculo, mas não chega a atrapalhar o som do rádio. A via é iluminada apenas pelas luzes do farol do velho pontiac. A vista é esplendorosa, o grande mar azul enegrecido pela noite e pela falta de iluminação é quase que totalidade da vista, sendo atrapalhado somente por algumas arvores apoiadas no desfiladeiro. O penhasco de rochas acinzentadas cobertas pelo musgo e pelo orvalho da noite nos cerca pelo caminho. O rodar é suave, lento e ritmado como se fosse uma valsa tocada por Chopin ou Tchaikovsky ou quem sabe e até combinando melhor ritmado como um blues repleto de feeling e groove, tocado por W. C. Handy. O volume não era alto para não acorda- la, apesar de que esse momento mereça e muito um bom blues sendo tocado bem alto. Nosso rodar continua, não estamos nem na metade da serra ainda, as curvas suaves e continuas acompanham o trabalho já realizado pela mãe natureza, esta que com sua leve brisa litorânea esculpiu curvas delineadas e singulares naquele grande rochedo. Chegamos então em uma pequena reta, onde podemos aumentar a velocidade apesar de não querer, de querer continuar naquele ritmo leve e muito gratificante, sem contar renovador. A sensação de liberdade e leveza é inexplicável.

Mariana acaba de acordar e uma pequena pausa se fazia necessária, não por necessidade, mas por vontade. Encostei o carro no acostamento, descemos do veículo de coloração vermelha e então caminhamos em direção a um mirante que ali havia. Ficamos parados por algum tempo, entre abraços e beijos. Nossa vontade era de que aquele momento de ternura e amor fosse eterno e com aquela vista.

De volta ao carro, a viagem vinha por findar-se faltava apenas em torno de hum quilômetro para que a descida da serra terminasse. Motor ligado, todos a bordo, agora a trilha sonora da viagem era tocada por Bo Didley interprete de Road Runner. Agora já desperta, Mariana pode aproveitar o fim da Serra e sentir todo o feeling e as boas vibrações que me contagiava.

Infelizmente voltamos para a rodovia de asfalto “morto” onde paramos em um hotel para descansar em então, amanhã, seguir viagem.